Em 27 de março de 2024, o PPGLitCult terá a primeira defesa de mestrado realizada por uma pessoa surda. De autoria de Maurício Damasceno Souza, com orientação da Professora Nanci Araújo Bento, professores da área de LIBRAS do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia, a dissertação vinculada à linha Documentos da Memória Cultural tem como título Literatura feminina surda como política de surdidade e movimento de resistência da arte surda.
Na pesquisa realizada, Maurício catalogou e analisou as produções de duas artistas surdas, Nancy Rourke e Kilma Coutinho, a partir de materiais selecionados das principais redes sociais (Facebook, Instagram, YouTube), no período pandêmico de 2019 a 2021. Ao articular literatura e arte feminina, inseridas na cultura pelos próprios Surdos, a dissertação apresenta a importância da Arte Surda e como esta pode ser enriquecida pelo diálogo ao se estabelecer entre os estudos culturais Surdos e os estudos da cultura visual, pois as reflexões sobre como a arte pode contribuir para a construção e a divulgação de sua própria identidade são evidenciadas pela ampla apropriação cultural pelos Surdos. O resultado desta pesquisa é a proposta de criação da Galeria Surdartidade, uma medida relevante e propositiva para a promoção da diversidade cultural e para a construção de uma sociedade com uma acessibilidade linguística mais justa e igualitária. Além disso, o pesquisador aponta a necessidade de realização de pesquisas futuras que descrevam e compreendam a realidade das expressões artísticas de artistas Surdos brasileiros, localizando sua temática no que se refere à violência contra a mulher Surda.
A pesquisa contou com a coorientação da Profa. Dr. Shirley Vilhalva, da Universidade Federal de Rondônia – UNIR. Indígena e surda, a participação de Vilhalva na pesquisa foi fundamental para o seu resultado. O trabalho final de conclusão de curso apresentado e defendido de forma bilíngue, é uma conquista do docente pesquisador frente às dificuldades enfrentadas ao logo de seu curso, considerando os problemas que as universidades públicas encaram para garantir de forma satisfatória as políticas de inclusão instituídas em Lei, desde 2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, 13.146, de 6 de julho de 2015).
A defesa ocorrerá às 14h00, de forma híbrida, na Sala de Reuniões do Instituto de Letras – Sala 302.
