COMPANHIA TEATRO DOS NOVOS LANÇA ESPETÁCULO SOBRE A LUTA DE PICASSO, NERUDA E CASALS PELA LIBERDADE
Com direção de Marcio Meirelles, o projeto inclui série de entrevistas sobre arte antifascista.
Em celebração e defesa da importância da Arte e de artistas para o desenvolvimento das sociedades, a Companhia Teatro dos Novos apresenta “CASALS+PICASSO+NERUDA = os três pablos guerreiros contra o dragão da maldade” espetáculo que celebra o legado de Pablo Picasso, Pablo Neruda e Pablo Casals na luta contra o fascismo. Com dramaturgia de Miguel Campelo e Samuel Lopes, encenação de Marcio Meirelles, a montagem, de web teatro, estreia dia 25/03, no Novo Vila Virtual, palco online do Teatro Vila Velha. As apresentações acontecem até 04/04 de quinta a domingo, sempre às 19h. Os ingressos estão à venda no Sympla (sympla.com.br/vilavelha) e custam R$10, R$20 e R$ 50. Fica a critério do comprador pagar um dos três valores.
Definido como uma investigação sobre o papel dos artistas na vida política e nas transformações da história da humanidade, o espetáculo será transmitido ao vivo para a internet em temporada de oito apresentações com acessibilidade para surdos.
Simultaneamente à temporada do espetáculo, de 03/03 a 07/04, o projeto também vai exibir uma temporada especial em seis episódios da série de entrevistas “O Contra-Ataque” com participação de artistas baianos dos seis macroterrtórios do estado, convidados para debater sobre arte antifascista. Os episódios incluem trechos de bastidores da montagem e serão lançados toda quarta-feira, às 20h, no Youtube do Vila (youtube.com.br/teatrovilavelha). Todas as etapas do projeto estão seguindo os protocolos sanitários, respeitando as orientações das organizações de saúde.
“CASALS+PICASSO+NERUDA” discute o papel das artes na luta contra o autoritarismo a partir dos exemplos de três grandes artistas do século XX que, além da coincidência do nome e do ano de falecimento (1973), também estão unidos pelo uso de suas linguagens (respectivamente, música, pintura e poesia) como armas para denunciar e combater a ditadura fascista do General Francisco Franco, na Espanha. Com direção de Marcio Meirelles e no elenco os atores Lúcio Tranchesi (Casals), Jackson Costa (Picasso) e Miguel Campelo (Neruda), Cristina Castro (A Espanha) e Hugo Bastos (O Minotauro) a obra teatral une poesia, música, dança e artes visuais à narrativa documental e projeções de vídeos de arquivos históricos.
“A Guerra Civil Espanhola e a consequente instalação da ditadura fascista de Franco não nos é muito familiar, embora se pareçam muito com o que estamos vivendo agora no Brasil. No entanto, muitas narrativas da Segunda Guerra Mundial nos são familiares, por que este evento é exaustivamente mostrado nas produções de Hollywood, evidentemente do ponto de vista dos estadunidenses, então qualquer fábula que se passe no período já está contextualizada em nosso imaginário, por mais que seja apenas do ponto de vista que omite a participação da União Soviética na derrota ao nazismo, por exemplo. Para entendermos a luta dos Pablos, vamos apresentar o contexto da Guerra Civil Espanhola de modo teatral, falando tanto do papel que as elites espanholas tiveram no processo de implantação da ditadura, quanto da luta de muitos artistas antifascistas que viveram esse período", afirma o diretor.
A dramaturgia é criada em diálogo com uma colagem de documentos, entrevistas e cartas e também de poemas e canções dos artistas, mostrados como narradores da história e da arte, e podemos refletir como atuaram na luta antifascista desde o início dos acontecimentos que levaram à Guerra Civil, e consequente ditadura, até o fim de suas vidas.
A decisão de Casals de silenciar seu violoncelo em forma de protesto e exilar-se em Prades para socorrer milhares de refugiados; a publicação do vigoroso “Espanha no Coração” por Neruda antes do retorno ao Chile, destituído de seu posto consular em Madri; e a pintura de “Guernica”, de Picasso, que retrata o massacre da cidade basca, e outros trabalhos do artista, são alguns exemplos dos fatos lembrados no espetáculo sobre as responsabilidades e posicionamentos políticos dos artistas frente a um mundo em guerra.
“A ideia do espetáculo surgiu em 1997, quando soube que os três Pablos haviam morrido no mesmo ano. O projeto ficou guardado na manga e ao longo do tempo me dediquei a investigar o legado desses artistas que me inspiraram inclusive nas minhas próprias escolhas como ator, especialmente por um teatro político. É uma alegria ver essa ideia ganhando forma e representar o poeta da minha vida, Pablo Neruda, neste espetáculo”, revela o ator Miguel Campelo.
O elenco também conta com a participação do ator Hugo Bastos, no papel de O Minotauro e da coreógrafa, gestora cultural e dançarina Cristina Castro, que faz sua estreia como atriz, interpretando A Espanha. Entre os textos ditos pelos dois, destacam-se fragmentos originais de discursos do General Franco e da líder revolucionária Dolores Ibarrúri, La Pasionaria.
“Os Três Pablos Contra o Dragão da Maldade me chama como Um tal de Dom Quixote, espetáculo que reinaugurou o Teatro Vila Velha, me chamou. Ali, pela primeira vez atuei como dançarina/atriz e simultaneamente coreógrafa. Mais de duas décadas separam um espetáculo do outro, os dois dirigidos por Marcio Meirelles, tendo como cenário a Espanha e a luta em defesa do sonho, da liberdade e da arte. Esse espetáculo também traz a responsabilidade, diante de um elenco totalmente masculino que conta histórias de 3 homens geniais, de ser a única voz feminina e me oferece a chance de refletir e conhecer mais sobre conflitos que separam os homens e sobre possíveis forças que os unem.", afirma Cristina.
A equipe do espetáculo ainda integra Aline Falcão e Caio Terra, na criação e direção musical, e Rafael Grilo na criação e produção audiovisual.
Da Espanha dos anos da entrada no século XX, ao Brasil um século depois, o espetáculo evidencia a necessidade de observação do movimento da história, expondo ciclos de perpetuação de violências e oferecendo exemplos passados para pensarmos como lidar com o que o presente manifesta nas macro e micropolíticas de qualquer tempo e lugar.
“Nosso principal objetivo é cumprir a função primordial da arte como veículo crítico, sensibilizador e propositivo de ações de enfrentamento à violência e escaladas autoritárias. É um chamado a outros modelos de sociedade em que prevaleçam os princípios da liberdade, da paz e da fraternidade universal.” explica o produtor Vitor Barreto, da Jardim Sertão, responsável pela realização do espetáculo em colaboração com a Companhia Teatro do Novos.
O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.
SOBRE O CONTRA-ATAQUE: O Contra-Ataque é a série de entrevistas da Companhia Teatro dos Novos exibida no YouTube do Teatro Vila Velha toda quarta-feira às 20h. Dirigida por Marcio Meirelles e apresentada pelo ator Miguel Campelo, em cada episódio um convidado especial conversa sobre assuntos ligados ao atual momento político do Brasil sob um viés artístico. A primeira temporada estreou em 12 de outubro de 2020 e contou com a participação de nomes como Hilton Cobra, Amir Haddad e Ana Muylaert. Já a segunda temporada, que conta com o apoio do financeiro do Goethe-Institut Salvador-Bahia, está sendo exibida desde o dia 6 de janeiro de 2021 e segue até o 24/02, entre os convidados, Russo Passapusso, Herê Aquino, Alejandra Diaz, Arthur Scovino, Regina Galdino, e Sandro Borelli. As duas temporadas estão no canal do Teatro Vila Velha, no YouTube.
A COMPANHIA TEATRO DOS NOVOS – A Sociedade Teatro dos Novos foi criada em 1959 por Othon Bastos, Carlos Petrovich, Sônia Robatto, Echio Reis, Tereza Sá (Maria Francisca) e Carmem Bittencourt, com a liderança do diretor João Augusto. E logo a Companhia Teatro dos Novos começou a atuar com a participação de muitos artistas colaboradores, como Mário Gusmão, Marta Overbeck, Wilson Melo, Carlos Bastos e Miguel Calombrero. Nomes imprescindíveis ao cenário cultural brasileiro a partir dos anos 1960. Em 1964 o grupo inaugurou o Teatro Vila Velha com o objetivo de ter um espaço para criar, produzir e pensar sua época numa perspectiva ampla, através do teatro, explorando novas linguagens, pesquisando tradições cênicas e dramatúrgicas e colocando-se na vanguarda das artes performáticas na Bahia. Ao longo de seis décadas a companhia teve diferentes formações. Em 1995 a Sol Movimento da Cena estabelece parceria com o Teatro dos Novos que inicia experimentos como o 3&Pronto e oficinas. Com a reinauguração do Vila, em 1998, sob a direção artística de Marcio Meirelles conduzindo os atores do grupo original, participantes das oficinas e convidados, como Cristina Castro, Neyde Moura, Viviane Laerte, Gordo Neto, Gustavo Melo, Rui Manthur, o Teatro dos Novos retoma plenamente suas atividades artísticas. Em 2018, seu diretor artístico e a atriz e diretora Chica Carelli mais uma vez reestruturaram o Teatro dos Novos, com jovens atores e atrizes egressos da universidade LIVRE, programa de formação em artes do palco, desenvolvido e mantido pela companhia desde 2013 para isso. Desde sua criação o Teatro dos Novos já montou 87 espetáculos, além de participar da produção de muitos eventos. Desde o início, experimentação e encontros têm sido os eixos conceituais das produções da companhia e o Teatro dos Novos promove tanto o diálogo com autores de seu tempo, quanto a contextualização de autores clássicos e seus temas para a paisagem conturbada do tempo contemporâneo.
SERVIÇO: Espetáculo: CASALS+PICASSO+NERUDA = os três pablos guerreiros contra o dragão da maldade 25/03 a 04/04 (quinta a domingo) 19h Novo Vila Virtual Ingressos: sympla.com.br/vilavelha O Contra Ataque (Temporada Especial) 03/03 a 07/04 (quartas-feiras) 20h Youtube do Vila Gratuito FICHA TÉCNICA: encenação MARCIO MEIRELLES texto MIGUEL CAMPELO | SAMUEL LOPES colaboração MARCIO MEIRELLES argumento MIGUEL CAMPELO elenco CRISTINA CASTRO HUGO BASTOS JACKSON COSTA LUCIO TRANCHESI MIGUEL CAMPELO locução GIUSEPPE LANINO (italiano) GRAEME POULLEYN (inglês) MATTHIAS VOGT (alemão) ROCIO CASTRO KUSTNER (espanhol) THÉRÈZE VICO-WANKER (francês) coreografia CRISTINA CASTRO música e direção musical ALINE FALCÃO e CAIO TERRA criação e produção audiovisual RAFAEL GRILO iluminação DIEGO GONÇALVES direção de produção VITOR BARRETO assistente de produção GABRIEL BARNEY COSTA realização JARDIM SERTÃO / COMPANHIA TEATRO DOS NOVOS / TEATRO VILA VELHA