A geração de 45 tem sido uma das mais famigeradas da história da literatura brasileira porque, com o passar dos anos, sofreu o descaso crítico, frequentemente associado a julgamentos negativos para a identificada tendência estetizante, formalista ou conservadora na poesia. Alguns escritores estão situados na geração apenas por contingência histórica. É o caso, por exemplo, de João Cabral de Melo Neto, que, no último de seus quatro artigos sobre a geração de 45, publicados no Diário Carioca em 1952, concluiu que não era possível definir a poesia de 45 por meio de uma tendência comum, uma orientação geral de seus poetas. Alguns críticos e historiadores têm questionado o próprio rótulo de “geração”, considerando que se trata aqui mais propriamente de um grupo, cujas propostas tornaram-se hegemônicas, abafando outras vozes e tendências do período não alinhadas às propostas por ela defendidas. Haveria, ainda, que se considerar a suposta “influência” sobre as gerações anteriores, defendida por alguns críticos e, mesmo por alguns dos poetas de 45.
Com a presente chamada da Revista Texto Poético, esperamos receber contribuições importantes sobre a obra dos poetas de 45. Muitos desses poetas se posicionaram em ensaios críticos, entrevistas e correspondências sobre a literatura brasileira, falando-se, inclusive, em “os teóricos da geração”. Vários deles estiveram reunidos em torno das revistas Orfeu, Joaquim, Revista Brasileira de Poesia e Revista Branca, entre outras, e o estudo de suas contribuições nessas revistas também é muito importante para a história da geração. Esperamos receber trabalhos que investiguem contribuições teóricas e críticas dos poetas de 45 e que analisem suas poesias, visando discutir, por exemplo, relações com a poesia dos modernistas, com as formas de apropriação do legado clássico e com a poesia posterior. Esperamos, também, receber estudos sobre poetas de 45 de outras literaturas.
Organizadores: Joelma Siqueira (UFV) e Vagner Camilo (USP)